O estilo neoclássico, que reinou absoluto em fins do século XVIII e durante quase todo o século seguinte, deve sua origem às escavações das cidades de Herculano e Pompéia. Mas foi por causa do imperador francês Napoleão I que o estilo consolidou-se na Europa: o imperador e sua corte vestiam-se com roupas que lembravam o estilo clássico greco-romano em muitos detalhes, assim como as jóias que os adornavam. Em 1853, Jean Auguste Dominique Ingres retratou a princesa de Broglie usando tradicionais jóias para uso diário, dentre as quais uma autêntica bulla romana, pendurada em uma corrente à volta do pescoço.

Com a fascinação e a preferência pelo design clássico antigo tão em moda, os ourives e joalheiros passam a pesquisar na história da antiguidade clássica antigas técnicas de confecção de jóias, chegando assim aos etruscos. E quem era o povo chamado etrusco? O início da história etrusca data do século VIII A.C. quando começaram a povoar o centro da península itálica, estabelecendo cidades-estados nos moldes da civilização grega. O nível artístico da arte etrusca pode ser percebido pelas estátuas que nos chegaram aos dias de hoje, nas quais a figura humana é retratada com vitalidade e detalhamento e também pelos métodos avançados de confecção de jóias utilizados, que desafiam até hoje os ourives dos nossos dias. Apenas uma de suas técnicas, a granulação, não pode ser repetida durante 2500 anos, apesar de várias tentativas feitas por ourives e artesãos ao longo dos séculos. As escavações de tumbas etruscas revelaram magníficos exemplos de jóias feitas com estas técnicas e deixaram claro que, tanto estilísticamente quanto técnicamente, elas eram superiores às jóias confeccionadas no início do período neoclássico, e rápidamente tornaram-se o que ficou conhecido eventualmente de estilo “jóias arqueológicas”.

Apesar deste estilo “arqueológico” ter vindo à tona durante o período neoclássico, ambos diferem no caráter. Enquanto o neoclassicismo inspirou-se nos motivos greco-romanos para criar novos designs, a joalheria etrusca primeiro foi copiada identicamente, para só mais tarde servir de modelo para designs originais. Uma razão para isso era o reconhecimento do alto padrão os designs etruscos. Uma outra razão poderia ser a fascinação pela técnica de granulação, que permitia uma enorme variedade de padrões ornamentais.

Na granulação, minúsculas esferas de ouro são afixadas a uma base metálica, seja pelo método convencional da solda ou pela fusão. Usando esta técnica, os ourives etruscos eram capazes de realizar maravilhosos e delicados designs com grande precisão. As jóias etruscas então, faziam um grande contraste com o grainti, técnica em voga no início do século XIX. O joalheiro romano Fortunato Castellani e seus filhos foram os primeiros, depois de várias pesquisas em antigas jóias, a conseguir repetir a técnica etrusca da granulação, ornamentando assim novas peças, que fizeram sucesso imediatamente, sendo uma delas, um colar decorado com granulações e cornelianas lapidadas em formato de escaravelho, exibida na feira internacional de Londres de 1872.

A técnica da filigrana é uma outra característica das jóias etruscas, consistindo num fio de ouro extremamente fino e delicado que é torcido e retorcido de modo a formar desenhos, sendo afixado na superfície da peça pela solda, de maneira similar à granulação. Castellani era um mestre nesta técnica. O revival da joalheria etrusca também trouxe à decoração das jóias o camafeu e o intaglio. Para os camafeus, eram escolhidas gemas com camadas de cores diferentes para dramatizar o contraste entre a superfície entalhada e o fundo. Os desenhos em intaglio eram entalhados ou gravados por baixo da superfície da gema, de forma a produzir imagens em relevo